O grande amor nada tem a ver com grandes momentos ou coisas
extraordinárias vividas juntos. Nada tem a ver com loucas paixões que queimam e
viram cinza algum tempo depois. O "não sei viver sem você" não
conhece nada do grande amor, porque as pessoas sempre sobrevivem às decepções
amorosas e serão capazes de se entregar ainda e ainda ao fogo do amor, se ele
chega.
Quem fica esperando o grande amor e acha que o encontrou cada vez que
consegue dizer "te amo" a outra pessoa e que pensa que aquilo vai
durar para o resto da vida, acaba se decepcionando. Porque amores vêm e vão.
Amores chegam, enfeitam a vida por algum tempo, dão a idéia de infinito, de
irreal, de coisa única e depois desaparecem lentamente, como miragem quando se
chega muito perto. Percebemos assim que as juras de amor eterno não conhecem
nada de eternidade.
O grande amor não é aquele por quem se quer morrer por ele. Romeu e
Julieta eram jovens demais e eternizaram a idéia de que para se ter um grande
amor é necessário saber morrer por ele.
O grande amor, só se sabe que era ele depois. Depois de todos os amores
que invadiram e fugiram, dos que enlouqueceram e dos que trouxeram a razão. O
grande amor, só se reconhece olhando pra trás, nunca pra frente.
É aquele quando, se olhando pra trás e se somando todos os amores
vividos, sabe-se reconhecer qual deles era a verdadeira essência, o que não
ficou destruído mesmo depois que todos os sonhos se foram.
O grande amor é aquele que fica quando, anos depois, mesmo se conhecendo
o outro de cór, sabendo adivinhar os pensamentos e mínimos gestos, mesmo não
havendo mais mistérios, ainda se é capaz de olhar nos olhos do outro e dizer
com serenidade: - Eu te amo!
Letícia Thompson
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"Minha poesia é cheia de imperfeições. Se eu fosse crítico, apontaria muitos defeitos. Não vou apontar. Deixo para os outros. Minha obra é pública." ( Carlos Drummond de Andrade )